sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O Egoísmo Ético será satisfatório?

O EGOÍSMO ÉTICO OU NORMATIVO:



O Egoísmo ético defende a máxima Universal de que devemos todos agir de acordo com o que nos é mais vantajoso.


Sendo uma máxima universal, esta pretende ter valor moral.


O seu argumento fundamental é o egoísmo psicológico, cada um de nós faz o que lhe é mais vantajoso, e se cumpre as normas morais é só para obter simpatia e favores dos outros, não por verdadeiro altruísmo.


Platão conta no anel de Giges como são as pessoas que só agem bem com medo das consequências e não por verdadeiro amor ao bem, ou ao dever, no fundo agem por interesse, se fossem invisíveis actuariam como são verdadeiramente, isto é por interesse e sem qualquer princípio ético e moral.






Esta posição não viola o princípio da universalização, porque diz que eu e todos devemos fazer o que nos for mais vantajoso, logo é uma posição que pretende ser Ética, mas será esta posição eticamente satisfatória?





Vemos claramente que não.

Argumento 1. Porque é uma posição arbitrária.

Ao colocar o interesse pessoal acima dos outros estamos a ser parciais e arbitrários, o que tem o eu que o torna superior aos outros? Nenhuma diferença relevante.Logo não havendo razões para pensarmos que podemos fazer aos outros o que for mais vantajoso para nós, esta posição é arbitrária, não tem fundamento racional.



Argumento 2: Porque o mundo seria muito estranho se adoptássemos esta norma.

Por outro lado, não poderíamos viver num mundo onde fosse eticamente correcto matar, desde que obtivéssemos vantagens com isso. Esta posição justificaria actos que são evidentemente proibidos, violentos.

Não podemos aceitar que alguém tenha o direito de nos maltratar só porque lhe é vantajoso ou porque lhe dá prazer.

Se o aceitássemos é porque teríamos de pensar que o mundo é Sado masoquista, isto é tem comportamentos estranhos e incompreensíveis. Como não vivemos, nem queremos viver num mundo de desejos Sado masoquistas e arbitrários logo, não podemos aceitar o egoísmo.



Uma ética satisfatória tem que se preocupar com os desejos dos outros e admitir que se pode agir tendo em conta o outro e não apenas o prazer e interesse pessoal.

Logo a Ética entra sempre em conflito com o interesse pessoal:

1º Porque queremos julgar imparcialmente e emitir juízos universais, ou seja independentemente das pessoas serem nossas amigas a acção deve ser avaliada imparcialmente.

Devo julgar acções semelhantes de modo semelhante.

Devo querer que o meu juízo tenha validade universal. Seja universalizável. Isto é válido para todos os sujeitos nas mesmas circunstâncias, só assim o juízo é eticamente satisfatório e a acção se obedecer a princípios universais também contém validade ético/moral.


Mas porque devemos ser morais? Porquê preocuparmo-nos com os outros.



Justificação: Porque assim tem de ser segundo os mandamentos divinos.(Posição que busca em Deus a justiça final – posição religiosa)

Porque assim podemos obter mais prazer, porque nos satisfaz tornar o mundo melhor, contribuir para a felicidade geral (posição hedonista e consequencialista, Stuart-Mill)

Porque é nosso dever, enquanto seres humanos a razão dá-nos essa ordem sem qualquer finalidade. A finalidade é o cumprimento do dever. (Kant)



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